No universo da construção civil de alta complexidade, certos momentos exigem não apenas força bruta, mas engenharia cirúrgica. Esse foi o cenário encontrado por nossa equipe ao enfrentar um desafio emblemático: içar chillers industriais utilizando um guindaste de 500 toneladas e, tudo isso, em um terreno supercompactado e com margens mínimas para erro.
O içamento, que parece simples à primeira vista, revelou-se uma operação de precisão que envolveu meses de planejamento, cálculos estruturais minuciosos, controle de cargas dinâmicas e gestão de risco total.

Içamentos de 6 chillers da construção do Data Center no Estado do Rio de Janeiro. Uma operação complexa que contou com um guindaste de 500 toneladas, montado em um terreno supercompacto (maio/2025).
O que é um Chiller?
Para o público não técnico, um chiller é uma máquina de grande porte utilizada para resfriamento de água ou outros fluidos em sistemas de climatização ou processos industriais. Comum em hospitais, data centers, indústrias farmacêuticas e edifícios comerciais, ele é essencial para manter ambientes controlados e operações críticas funcionando de forma segura.
Seu funcionamento se baseia na compressão e expansão de um gás refrigerante, que absorve calor da água e a resfria antes de redistribuí-la ao sistema. Mas mais do que um simples equipamento de ar condicionado, os chillers são colossos de engenharia que pesam, em média, entre 4 e 12 toneladas, podendo ultrapassar 20 toneladas em modelos de altíssima capacidade.

Chiller para Data Center (*imagem ilustrativa)
O desafio do terreno supercompacto
Neste caso específico, o guindaste precisava operar em um terreno supercompactado, o que significa um solo com densidade elevada, pouco espaço para redistribuição de cargas e alta sensibilidade a deformações. O operação exigiu:
- Estudo geotécnico e estrutural detalhado para definir pontos de apoio com segurança;
- Montagem modular do guindaste, cuja base sozinha já demanda carretas especiais para transporte;
- Distribuição de carga controlada, com uso de lastros, placas metálicas e sensores de carga em tempo real;
- Sincronização perfeita entre operadores de guindaste, rigger, sinalizadores e engenheiros de segurança.
Uma dança de engenharia
O guindaste de 500 toneladas — uma máquina com braço telescópico que pode ultrapassar 80 metros — operou em ciclos cronometrados. Cada chiller foi içado lentamente e acomodado sobre bases previamente niveladas, com tolerância máxima de desalinhamento inferior a 5mm.
Segurança em primeiro lugar
Com operações desse porte, a segurança do trabalho torna-se protagonista. O ambiente foi isolado, a comunicação realizada via rádios dedicados e as permissões de trabalho rigidamente controladas por meio de sistemas SGI (Sistema de Gestão Integrada).
Além disso, foram previstas zonas de escape, pontos de emergência, ensaios de simulação de falha mecânica e verificações diárias do clima e direção dos ventos — qualquer rajada acima de 30 km/h já inviabilizaria o içamento.
Conclusão: Força e Inteligência
Mais do que mover toneladas de aço, içar chillers em condições desafiadoras exige inteligência aplicada, integração entre disciplinas e domínio absoluto da técnica. É o tipo de operação que diferencia empresas comuns das referências em engenharia.
Neste episódio, cada tonelada erguida contou com planejamento, excelência e respeito à vida provando que, na engenharia de alto nível, a força só tem valor quando anda de mãos dadas com a precisão.